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Europa recua na proteção contra greenwashing: o que isso significa para o mercado e os consumidores

  • Foto do escritor: Felipe Cunha
    Felipe Cunha
  • 23 de jun.
  • 2 min de leitura

A Comissão Europeia decidiu abandonar a proposta da Green Claims Directive, que visava regulamentar o uso de termos sustentáveis como “carbono neutro”, “biodegradável” e “ecológico” em produtos e campanhas de marketing. O objetivo da norma era combater práticas de greenwashing e proteger o consumidor de alegações enganosas, exigindo comprovação científica e validação independente para afirmações ambientais.


A decisão veio apesar da aprovação do Parlamento Europeu em março e reflete a falta de “condições políticas” para avançar no Conselho da União Europeia. Países como Itália e República Tcheca lideraram a oposição, temendo impactos sobre cerca de 30 milhões de microempresas que, mesmo com isenções iniciais, poderiam ser afetadas pelas exigências administrativas do texto final.

Bandeiras da união europeia hasteadas

Esse recuo não é isolado: faz parte de uma tendência mais ampla de enfraquecimento da agenda regulatória climática no bloco europeu. Propostas como a diretiva antidesmatamento (EUDR), a diligência devida (CSDDD) e os relatórios de sustentabilidade (CSRD) também vêm sofrendo adiamentos, revisões e pressões para flexibilização — movimentos que vêm sendo chamados de green deal fatigue na Europa.


A retirada da proposta enfraquece o Pacto Ecológico Europeu, iniciativa que visava alinhar políticas econômicas às metas climáticas. A pressão crescente de setores industriais e o crescimento de partidos eurocéticos após as eleições de 2024 também contribuíram para esse cenário, revelando um novo equilíbrio de forças dentro da UE, mais sensível a questões de competitividade econômica.


Na prática, o uso de termos ambientais em produtos e publicidade continuará a depender de legislações nacionais, muitas vezes genéricas ou insuficientes. Organizações da sociedade civil alertam que isso pode agravar o greenwashing, dificultando a identificação de compromissos ambientais reais frente a ações meramente mercadológicas.


Apesar do revés, a Comissão Europeia indica que pretende retomar partes da proposta em legislações futuras. A discussão segue viva — e ainda mais necessária — diante da urgência climática global e da demanda crescente por transparência nas práticas ESG. Resta saber como consumidores, empresas e governos reagirão a essa nova etapa do debate.


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