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Greenwashing em grande escala: A polêmica estratégia das petrolíferas para fugir das metas climáticas

  • Foto do escritor: Felipe Cunha
    Felipe Cunha
  • 20 de ago. de 2024
  • 2 min de leitura

O debate sobre a possível participação das indústrias de petróleo e gás na solução da crise climática continua acirrado. Essas empresas, historicamente responsáveis por uma parcela significativa das emissões globais de gases de efeito estufa, estão agora no centro de discussões sobre o uso de créditos de carbono para compensar suas emissões. O Science Based Targets initiative (SBTi), considerado o padrão-ouro na verificação de metas climáticas corporativas, recentemente surpreendeu ao sugerir que os créditos de carbono podem ser usados para abater emissões na cadeia de valor, uma mudança que poderia beneficiar enormemente as indústrias de combustíveis fósseis.


barris de petróleo sendo pintados de verde por ativistas

As emissões de Escopo 3, que incluem aquelas produzidas por clientes e cadeias de suprimentos, são particularmente relevantes para as empresas de petróleo e gás, que possuem os maiores volumes dessas emissões. Entretanto, essa proposta da SBTi levantou preocupações sobre a integridade das metas climáticas, especialmente porque as grandes petrolíferas têm um histórico de descumprimento de promessas de sustentabilidade. Catherine McKenna, ex-ministra do Meio Ambiente do Canadá, alertou que dar às petrolíferas um caminho mais fácil para cumprir suas metas climáticas pode ser perigoso e prejudicar o progresso global na luta contra as mudanças climáticas.


O histórico das empresas de petróleo e gás é marcado por décadas de negação da ciência climática e obstrução de esforços para a sustentabilidade. Mesmo com lucros crescentes, poucas dessas empresas têm investido em energia limpa, preferindo manter o foco nos combustíveis fósseis. Além disso, muitas dessas empresas subestimam suas pegadas de carbono e relutam em incluir todas as suas emissões de Escopo 3 em seus cálculos, o que compromete a transparência e a responsabilidade em relação às suas metas climáticas.


O uso de créditos de carbono por essas empresas é particularmente preocupante. Em vez de reduzir suas emissões, muitas optam por simplesmente compensá-las, uma estratégia criticada como greenwashing. McKenna destacou que o setor de petróleo e gás tem sido o menos interessado em reduzir suas emissões e o mais beneficiado pelo simples uso de compensações, o que pode levar à perpetuação das práticas que agravam a crise climática.


A recente mudança de postura da SBTi sobre créditos de carbono gerou controvérsia e levantou questões sobre a eficácia do órgão na garantia de metas climáticas robustas. Embora a SBTi seja fundamental para a integridade das metas de emissões líquidas zero, a controvérsia pode prejudicar sua credibilidade e impacto. No entanto, o grupo continua trabalhando para estabelecer diretrizes claras para o setor de petróleo e gás, reconhecendo que as emissões desse setor representam uma parcela significativa das emissões globais de gases de efeito estufa.


Diante desse cenário, a discussão sobre o papel das indústrias de petróleo e gás na transição para uma economia de baixo carbono permanece essencial. As decisões tomadas agora terão consequências profundas para o futuro das políticas climáticas globais. A questão central é: essas empresas estão realmente dispostas a fazer parte da solução ou continuam a ser um obstáculo ao progresso?

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