Apesar do acordo de paris, bancos financiaram US$ 705 bilhões em combustíveis fósseis em 2023

O relatório “Banking on Climate Chaos” (BOCC) destaca a relação entre o sistema bancário e as empresas de combustíveis fósseis, revelando que os 60 maiores bancos do mundo financiaram US$ 705 bilhões em óleo, gás natural e carvão em 2023. Quase metade desse valor foi destinada à expansão dessas atividades, com JPMorgan, Mizuho e Bank of America liderando o ranking. Desde o Acordo de Paris em 2015, o financiamento totaliza US$ 6,9 trilhões, apesar do compromisso dos países signatários por uma transição para economias menos dependentes de combustíveis fósseis.

A análise do BOCC aponta que, embora 54 dos 60 bancos listados tenham metas de longo prazo para alcançar o net zero até 2060, e 43 instituições tenham metas intermediárias específicas para o setor de fósseis, o progresso em políticas que abordam o carvão foi lento em 2023. Para óleo e gás, houve aceleração, mas sem melhoria significativa na qualidade das políticas. Apenas La Banque Postale e Danske Bank possuem diretrizes mais robustas.

O levantamento também critica as promessas de petroleiras, que reduziram suas ambições climáticas e frequentemente comunicam compromissos net zero que excluem as emissões do escopo 3, que são as maiores e incluem o uso final de seus produtos. A ExxonMobil, por exemplo, inclui apenas as emissões dos escopos 1 e 2 em suas metas, ignorando mais de 85% das emissões provenientes da queima de seus produtos pelos clientes.

Por fim, o BOCC ressalta a insuficiência dos compromissos dos bancos para proteger a Amazônia, com apenas seis bancos tendo algum tipo de financiamento para companhias ativas na extração de petróleo e gás na região. Em 2023, o financiamento total para essa finalidade foi de US$ 632 milhões, uma redução em relação ao ano anterior. A situação da Amazônia é crítica, especialmente após um período de seca severa que afetou meio milhão de pessoas e teve a mudança climática como principal fator.

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