Agronegócio brasileiro e carbono: uma relação desafiadora
- Felipe Cunha

- 14 de abr.
- 2 min de leitura
O governo brasileiro propôs mudanças significativas no cálculo das emissões de carbono da agropecuária, sugerindo que o desmatamento em propriedades privadas, seja ele legal ou ilegal, passe a ser contabilizado no total de emissões do setor. Segundo Bruno Brasil, representante do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), essa alteração busca atribuir ao agronegócio a responsabilidade sobre práticas que impactam diretamente o meio ambiente, promovendo maior controle e compromisso com a mitigação do desmatamento.
No evento “Futuro regenerativo: o Agro como solução climática”, a abordagem foi descrita como parte de uma estratégia unificada para garantir a conexão entre os diferentes setores do Brasil no combate às mudanças climáticas. A proposta poderia criar incentivos econômicos, como créditos de carbono e financiamentos condicionados, para impulsionar a preservação e restauração de áreas degradadas, colocando o produtor rural no centro dessa transformação.

As emissões da agropecuária brasileira têm suas principais fontes na fermentação entérica de bovinos e no uso de fertilizantes nitrogenados. Apesar do aumento de 20% nas emissões entre 2005 e 2022, iniciativas como Agricultura de Baixo Carbono (ABC) têm demonstrado que é possível desacoplar o crescimento econômico do setor de seu impacto ambiental. O uso de tecnologias e biocombustíveis já mostra resultados promissores nesse sentido.
No entanto, a meta para 2035 de reduzir em 7% a 8% a pegada ambiental do agronegócio depende diretamente de uma drástica redução no desmatamento, estimada entre 70% e 80%. O desafio é imenso, mas inclui também remoções de carbono através da restauração florestal e práticas de manejo que aumentem o estoque de CO2 no solo, diminuindo a pressão sobre áreas produtivas.
Essa mudança na estratégia coloca o Brasil em posição de liderança no cenário global, destacando o potencial do agronegócio como protagonista na mitigação climática. Com os planos setoriais detalhados previstos para junho, o Plano Clima reforça o compromisso do Brasil com as NDCs assumidas no Acordo de Paris, transformando promessas em ações concretas e abrangentes.
Com essa visão, o agronegócio brasileiro caminha para ser mais do que um pilar econômico: torna-se um exemplo de inovação, responsabilidade e sustentabilidade. As mudanças propostas demonstram que é possível crescer de forma alinhada aos princípios do desenvolvimento sustentável, garantindo um futuro mais equilibrado para o planeta.




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