Transparência sustentável: a nova era dos reportes corporativos globais
- PED Sustentável
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
A transformação na forma como empresas reportam suas práticas de transparência sustentável ganhou um novo impulso com o lançamento da plataforma da IFRS Foundation. Desenvolvida para dar visibilidade à adoção das normas S1 e S2 do ISSB (International Sustainability Standards Board), a ferramenta permite que investidores e stakeholders comparem como diferentes jurisdições incorporam as novas exigências de disclosure ambiental, social e de governança. A transparência proporcionada por esses dados padronizados promete acelerar decisões estratégicas e facilitar alocações de capital mais conscientes.
As normas S1 e S2 têm como objetivo estabelecer uma linguagem comum para relatar riscos e oportunidades relacionados às mudanças climáticas, permitindo que analistas e gestores incorporem essas informações em seus modelos financeiros. Países como Brasil, Canadá e Japão adotaram as diretrizes integralmente, enquanto outras nações optaram por adaptações parciais. Ao todo, 33 das 36 jurisdições comprometidas estão incluídas na plataforma, destacando diferentes ritmos e estratégias de implementação.

No Brasil, destaca-se o pioneirismo da Vale, que divulgou voluntariamente seu primeiro reporte sob as normas ISSB. A companhia estimou um impacto de até R$ 19 bilhões decorrente das emissões de carbono, exemplificando o quanto os dados financeiros relacionados ao clima podem influenciar avaliações de risco e retorno. A varejista Renner também anunciou seu compromisso com a publicação do primeiro relatório ainda este ano, revelando uma adesão crescente ao movimento.
A iniciativa da IFRS Foundation conta com o endosso da Iosco, entidade que reúne reguladores de valores mobiliários de todo o mundo, incluindo a CVM no Brasil. A expectativa é que a maioria dos 130 membros da Iosco — responsáveis por 95% dos mercados de capitais — adotem as novas normas. A padronização global pode gerar uma verdadeira “reconfiguração tectônica” no mercado, como apontado por especialistas, incentivando o fluxo de capital para ativos sustentáveis e estratégias de longo prazo.
Além de apoiar investidores, a plataforma também oferece aos reguladores a oportunidade de aprender com práticas adotadas em outras jurisdições, fortalecendo a governança ambiental global. No Brasil, a CVM avançou rapidamente no aspecto regulatório e, agora, está em diálogo com as empresas para entender seus desafios na adoção. Essa abordagem colaborativa pode servir de referência para outros países que ainda estão estruturando suas políticas.
A consolidação da transparência ESG como parte essencial da avaliação empresarial representa um novo paradigma para os mercados globais. O acesso a dados robustos, confiáveis e comparáveis, somado à pressão por investimentos responsáveis, estabelece as bases para uma economia mais resiliente, ética e preparada para os desafios climáticos. Essa mudança de mentalidade, já em curso, redefine o papel das empresas na construção de um futuro mais sustentável.




Comentários