São Paulo inova com modelo flexível para reflorestamento e créditos de carbono
- PED Sustentável
- 27 de out.
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O Estado de São Paulo está dando um passo estratégico na restauração ambiental ao lançar um programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), com o objetivo de atrair investimentos privados sem recorrer ao modelo tradicional de concessões. A iniciativa busca simplificar processos e reduzir a burocracia, tornando os projetos de reflorestamento mais acessíveis e atrativos para empresas interessadas em gerar créditos de carbono. A proposta está em fase de consulta pública, permitindo que o setor privado contribua com sugestões sobre áreas prioritárias, duração dos contratos e métricas de desempenho.
Diferente do modelo adotado pelo Pará, que realizou leilões de concessão com remuneração baseada em créditos de carbono, São Paulo opta por um contrato administrativo mais flexível. Nesse formato, as empresas contratadas não assumem a responsabilidade de longo prazo sobre as áreas, e o Estado compartilha riscos como segurança e resposta a incidentes ambientais. A Fundação Florestal, vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), permanece responsável pela gestão das terras públicas envolvidas.
O programa paulista já mapeou 44 mil hectares de áreas públicas disponíveis para restauração, incluindo unidades de conservação e florestas estaduais. A meta é ambiciosa: alcançar 80% de cobertura florestal em 40 anos, com pelo menos 3 mil árvores por hectare e 30 espécies nativas. As empresas participantes deverão apresentar estudos técnicos para avaliar o potencial de geração de créditos e definir as atividades mais adequadas conforme o grau de degradação das áreas.

A expectativa é que os créditos gerados sejam comercializados no mercado voluntário, atraindo empresas que buscam compensar suas emissões de carbono. Startups como Mombak, Re.green e Symbiosis já têm contratos com gigantes da tecnologia como Google, Microsoft e Apple. Além disso, há uma tendência crescente de valorização de créditos gerados no mesmo bioma onde as emissões ocorrem, o que pode beneficiar São Paulo por sua forte concentração industrial.
Especialistas apontam que o PSA é uma solução inteligente para mitigar riscos operacionais, como ocupações ilegais e queimadas, permitindo que as empresas se concentrem na entrega ambiental. A iniciativa também representa um avanço simbólico: restaurar a Mata Atlântica, um dos biomas mais degradados do país, reforça o compromisso ambiental de um estado historicamente associado à produção e à indústria. A credibilidade do poder público e a segurança jurídica das terras públicas são fatores que aumentam a atratividade do programa.
Embora o impacto em escala ainda seja limitado frente aos 7,5 milhões de hectares degradados no Brasil, o modelo paulista pode servir como referência para outras regiões. Ao unir inovação jurídica, incentivo financeiro e parceria público-privada, São Paulo mostra que é possível transformar passivos ambientais em ativos econômicos e sociais. A restauração ecológica, além de urgente, pode ser um bom negócio — e o Estado está fazendo sua lição de casa.




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