Logística reversa como pilar da sustentabilidade corporativa: O impacto do programa mãos pro futuro
- Felipe Cunha

- 20 de out.
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O programa Mãos Pro Futuro, pioneiro em logística reversa no Brasil, alcançou um marco significativo em 2024 ao recuperar cerca de 200 mil toneladas de embalagens pós-consumo. Esse volume representa 32,6% das embalagens colocadas no mercado em 2023, evidenciando um crescimento de 20% em relação ao ano anterior. A iniciativa é liderada pela ABIHPEC, em parceria com associações de diversos setores industriais, e conta com a adesão de cerca de 220 empresas, incluindo grandes nomes como Natura, Unilever, Grupo Boticário e Sherwin-Williams.
Além da recuperação de resíduos, o programa passou a calcular, pela primeira vez, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) evitadas por meio da logística reversa. Utilizando metodologias reconhecidas como o GHG Protocol e a ISO 14067:2018, foi possível mensurar que, em 2024, cerca de 706 mil toneladas de CO₂ deixaram de ser emitidas. Desde 2013, o impacto acumulado chega a 4,5 milhões de toneladas evitadas, reforçando o papel da logística reversa na descarbonização da economia.
Outro avanço importante foi o início do Monitoramento de Eventos Climáticos Extremos em 14 cooperativas parceiras, distribuídas por seis estados. A ação, realizada em parceria com a organização global Wiego, visa entender como as mudanças climáticas afetam os espaços e condições de trabalho dos catadores. A partir desse diagnóstico, serão desenvolvidas estratégias de adaptação para fortalecer a resiliência dessas organizações frente aos desafios climáticos.

O programa também se destacou pelo investimento social. Em 2024, foram destinados R$ 21 milhões à base operacional, sendo metade diretamente transferida para 199 cooperativas e associações de catadores. Mais de 5.500 profissionais foram beneficiados em 174 municípios, com renda média mensal de R$ 1.700 — valor 20% superior ao salário mínimo vigente. Além disso, foram oferecidas cerca de 5 mil horas de capacitação e assessoria técnica, promovendo qualificação e inclusão produtiva.
A estruturação do Mãos Pro Futuro se baseia em diagnósticos de melhoria, planos de ação, investimentos em infraestrutura e formalização das cooperativas. Segundo especialistas, o programa é referência nacional em governança da logística reversa, com auditorias, comitês de acompanhamento e metodologia federalizada para atendimento às metas estaduais. Essa abordagem garante rastreabilidade, impacto social mensurável e alinhamento com os princípios ESG.
A experiência do Mãos Pro Futuro mostra que é possível unir sustentabilidade ambiental e inclusão social em larga escala. Ao colocar os catadores no centro da cadeia de reciclagem, o programa não apenas amplia a eficácia da logística reversa, mas também promove dignidade, renda e protagonismo para milhares de trabalhadores. É um exemplo concreto de como a colaboração entre setor privado, sociedade civil e organizações pode transformar desafios ambientais em oportunidades de desenvolvimento sustentável.




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