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Créditos de Plástico: A Nova Moeda da Sustentabilidade e da Economia Circular

  • Foto do escritor: Felipe Cunha
    Felipe Cunha
  • 8 de set.
  • 2 min de leitura

A crescente preocupação com os impactos ambientais do plástico, derivado do petróleo e altamente poluente, tem impulsionado soluções inovadoras para tornar sua reciclagem mais competitiva. Uma dessas soluções é o mercado de créditos de plástico, que funciona de forma semelhante ao mercado de carbono. Empresas que não conseguem reciclar todo o plástico que colocam no mercado podem compensar essa deficiência adquirindo créditos gerados por recicladoras e cooperativas de catadores, criando uma nova fonte de renda para esses agentes e fomentando a economia circular.


Esse mecanismo financeiro busca equilibrar a competitividade entre a resina virgem — mais barata e poluente — e a reciclada, que exige processos mais caros e complexos. Com os recursos obtidos pelos créditos, recicladoras conseguem investir em infraestrutura, inovação e ampliação de capacidade produtiva. Um exemplo é a Polibalbino, que com 21 mil créditos emitidos, expandiu sua planta de reciclagem e aumentou seu quadro de funcionários, demonstrando o potencial transformador do sistema.

Lixo no plástico no oceano

O modelo já encontra respaldo legal no Brasil, com o decreto Nº 11.413/2023 e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), além de seguir padrões internacionais como os da certificadora Verra. Três empresas brasileiras já obtiveram certificação da Verra, que valida tanto créditos de coleta quanto de reciclagem, permitindo uma distribuição mais justa dos recursos ao longo da cadeia. Essa diferenciação é essencial para garantir a integridade e a eficácia do sistema, evitando sobreposição de créditos e promovendo impactos socioambientais reais.


Os valores dos créditos variam entre US$ 100 e US$ 1.000 por tonelada, dependendo do tipo de projeto. Iniciativas mais nobres, como ONGs que retiram plástico diretamente dos oceanos, tendem a alcançar preços mais altos. Comparado aos créditos de energia renovável e de carbono, o mercado de plástico apresenta cifras significativamente superiores, sinalizando uma oportunidade promissora para países como o Brasil, que ainda enfrenta desafios estruturais como a existência de mais de 3 mil lixões e uma baixa taxa de reciclagem.


A experiência internacional também contribui para o avanço do modelo. A Plastic Credit Exchange (PCX), nas Filipinas, tornou-se referência ao criar um marketplace global de créditos de plástico. A Verra, por sua vez, fortalece o conceito de adicionalidade — a garantia de que os impactos positivos só ocorrem graças aos recursos dos créditos. No Brasil, o modelo ainda precisa evoluir para remunerar adequadamente os recicladores industriais, que desempenham papel crucial na cadeia, mas muitas vezes ficam à margem dos benefícios financeiros.


Por fim, o fracasso das negociações da ONU para um tratado global sobre o plástico revela a resistência de países produtores de petróleo em reduzir a produção do material. Esse impasse abre espaço para que iniciativas voluntárias e mecanismos de mercado, como os créditos de plástico, ganhem protagonismo. A comparação com o mercado de carbono é inevitável, mas enquanto este levou décadas para amadurecer, o de plásticos ainda está em fase inicial e depende de maior engajamento da sociedade, da iniciativa privada e de estratégias de comunicação eficazes para alcançar escala e relevância global.


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